sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Salas de conversa marcam o 1º dia da II Jornada de Agroecologia

A quinta-feira, dia 12, deu início à II Jornada de Agroecologia da Bahia, permeada de rodas de conversa entre os participantes. Os grupos se reuniram durante a manhã e a tarde, com o objetivo de gerar encaminhamentos e fortalecer a articulação entre os povos presentes e a Teia de Agroecologia.
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Sala Economia Solidária, fomento de produtos agroecológicos e organização em rede Contribuições sobre experiências de Rosa Penzza (Instituto Jupará) e Casa da Economia Solidária (Serra Grande).



 Sala Educação do Campo e Agroecologia, com a facilitação José Carlos Evangelista. Contribuição: Casa do Boneco, CEEP Milton Santos, NEPPA.



Sala Sagrado Feminino. Discussões e pautas sobre partejar, ervas sagradas, atuação política e social da mulher, dificuldades e Teia. Facilitação: Ludimila (Casa Púrpura) + Elo TEIA. Contribuição: Heloísa, mestras indígenas, GAIA, Encanto da Sereia.




Sala "Terra Pra Quê?". Facilitação NEPPA. Contribuições: GAIA.




Sala Segurança Alimentar (PAA, PNAE). Facilitação: Ecobahia (Xixa e kaká) e Diego (NEPPA).Contribuição com experiências: CETA PAA Jovem.


Chamadas para a II Jornada

Chamada gravada com as crianças do Assentamento Terra Vista, durante o ensaio de maculelê e dança afro.


Vídeo-Convite para a II Jornada, feito com a Teia Agroecológica dos Povos da Cabruca e da Mata Atlântica.



Conheça o Assentamento Terra Vista

Desde a sua primeira edição, realizada em 2012, a Jornada de Agroecologia da Bahia escolheu o Assentamento Terra Vista, em Arataca, como sede. Fruto da luta pela reforma agrária do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Assentamento foi fundado oficialmente em 1994, mas a ocupação da terra, que fica às margens da BR 101, iniciou em 8 de março de 1992, como homenagem ao Dia Internacional das Mulheres.

Com 913,6 hectares e 55 famílias assentadas atualmente, o Terra Vista é referência em preservação ambiental, agroecologia e produção de mudas de espécies da Mata Atlântica, como Jacarandá, Ipê Amarelo, Pau-Brasil, Jatobá e Cedro. Desde o início da ocupação, foram recuperados 90% da mata ciliar do Rio Aliança, que passa pelo assentamento, além da manutenção de 34% da reserva legal da área, que fica no entorno da Unidade de Conservação do Parque Nacional Serra das Lontras.

O Terra Vista possui psicultura, cultivo de frutíferas e hortaliças, reconhecidas como Produção Orgânica pelo IBD Certificações, e um viveiro que produz 150 mil mudas por ano. É também referência na produção de cacau orgânico. Conversando com os assentados, é fácil escutar histórias de luta, autonomia e fé. Seu Edvaldo, assentado desde 1995, é um dos agricultores que aprenderam a cultivar orgânicos e vivem unicamente do que é produzido no Terra Vista:

“Quando cheguei em 1995 isso aqui era horrível, eu mesmo fiquei duvidoso. Mas quem chama Deus não cansa. Deixei o patrão e a fazenda que eu trabalhava e vim pra cá. Como é um assentamento construído com luta, optamos por confiar nos orgânicos. Foi aqui que aprendi a plantar assim. Crio meus filhos e meus seis netos no assentamento. Isso aqui é lugar pra viver”. 

Seu Edvaldo durante a II Jornada

Odete Silva de Jesus, conhecida como Dona Dete, é uma das assentadas e militantes mais antigas da agrovila do Terra Vista. De Ilhéus, a convite da irmã deixou o trabalho de lavadeira e faxineira, em 1993, para trabalhar no campo e criar os filhos e netos no assentamento. Hoje, aos 63 anos, relembra as dificuldades e se alegra pelas batalhas vencidas:

"Peguei minhas roupas e minhas panelas e vim morar aqui, quando ainda era tudo mata. Passamos muito dificuldade pra chegar onde chegamos. Teve época que a gente só tinha jaca verde pra comer, além dos cinco despejos que a gente já recebeu. Muitos desistiram, mas outros ficaram e hoje temos toda essa riqueza. O ar livre das árvores e dos passarinhos é o meu remédio.  Só saio daqui quando eu morrer mesmo."

Dona Dete na varanda de casa

Além do trabalho no campo, o Terra Vista tem a Educação como foco de transformação socioambiental. Lá, funcionam dois centros educacionais com cursos do ensino fundamental, profissionalizantes e de nível superior, inclusive pós-graduação na área de Agroecologia. Mais de 800 pessoas, entre assentados, comunidade de Arataca e de outras regiões estudam no Centro Integrado de Educação Florestan Fernandes e no Centro Estadual de Educação Profissional no Campo Milton Santos.

Terra Vista em meados dos anos 2000:


Terra Vista atualmente, após as práticas, cultivos e manejos de Agroecologia:



No vídeo abaixo, assentados contam histórias sobre a formação do Assentamento Terra Vista:



Saiba mais: